A pandemia ainda não acabou, mas parece que o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, já mudou. Foram necessários apenas quatro meses para que o chefe da pasta esquecesse da importância de “um esforço conjunto para impedir o descontrole das contas públicas”. Enquanto em maio ele defendia o congelamento salarial dos servidores públicos por cerca de dois anos, agora ele aponta a necessidade de aumentar a remuneração daqueles que ocupam cargos de uma escala maior de superioridade. E, por acaso, ele faz parte dessa lista. Seria irônico se não fosse, no mínimo, vergonhoso.
O teto pago atualmente a categoria é de R$39,2 mil. Para Guedes, é preciso existir uma enorme diferença entre os salários de ministros e dos demais servidores. Uma das principais justificativas é a alta responsabilidade de alguns cargos específicos. Ou seja, eles merecem privilégios para que aceitem permanecer na carreira, já os Policiais Civis, por exemplo, não podem requerer tratamento diferenciado por exercerem uma profissão de risco. O lema é valorizar a cúpula ao mesmo tempo em que fecha os olhos para quem arrisca a vida para manter a sociedade segura.
“O ministro está agindo em causa própria. Ele tem seu salário limitado ao teto, por isso está buscando argumentos para aumentar esse limite. A mesma pessoa que diz que o teto é baixo, afirma também que a base daqueles que trabalham diretamente com a população, ganha muito. É antagônico, cômico”, afirmou o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino.
((Foto: Agência Brasil))