Chega de protestar, é hora de parar
“Vamos mostrar que se nós não produzirmos, ninguém sai de casa e São Paulo para, assim como aconteceu em 2006”.
Foi com um discurso inflamado, de quem está pronto para a greve, que o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino, participou de mais uma assembleia contra a Reforma da Previdência Estadual na tarde desta segunda-feira, na Assembleia Legislativa (Alesp), na capital paulista.
Na ocasião, servidores de diferentes categorias lotaram o auditório Franco Montoro para mostrar a sua indignação diante das novas regras propostas por João Doria. E se não bastassem as mudanças, o governo ainda instituiu discussões a portas fechadas, de forma a acelerar a aprovação e evitar a interferência da oposição.
Greve é o caminho
Sem diálogo e com outra promessa de campanha não cumprida, não sobrou alternativa: união a caminho da paralisação. Há mais de uma semana, os funcionários públicos estaduais têm se mobilizado para evitar que o texto apresentado pelo líder tucano saia do papel.
Em Santos, o representante dos Policiais Civis da Baixada Santista e Vale do Ribeira chegou a aprovar um plano de ações, que poderia culminar com uma greve. E pelo andar da carruagem, o que parecia conjectura está próximo de acontecer. Não é à toa que a bancada da segurança pública foi destaque no encontro na Alesp.
Mais do que aumento de alíquota e redução de benefícios, o Projeto de Lei transborda o sucateamento histórico imposto à categoria. Há quem afirme que a PEC, da maneira como está, é a certidão óbito da Polícia Civil Paulista, já que segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), 30% do efetivo da instituição está apto a se aposentar e 37% tem idade superior a 50 anos.
Ato unificado
“Agora é hora da união. Naquela entrevista do Agripino Pinóquio com a Peppa Pig, foi dito que nós não produzimos nada. Vamos mostrar que se nós não produzirmos, se nós pararmos, ninguém consegue ir pra empresa, o empresário e o desembargador não saem de casa. É o exemplo do que aconteceu em 2006, onde, certamente, se não é a polícia, São Paulo parava, assim como SP parou”, disse o presidente do Sinpolsan.
“Nós precisamos da munição dos deputados que nos apoiam, é greve, vamos fazer um ato unificado e defender os nossos direitos. Se há um déficit de R$ 31 bilhões a ser equalizado, a responsabilidade é do próprio governo. Por que nós temos que ser penalizados por isso?”, questionou Pino, sendo ovacionado pela plateia cansada de pagar a conta por uma má gestão.