Fim de um ano, encerramento de uma década, início de uma nova era. Para os Policiais Civis, olhar para trás significa observar anos de descaso, sucateamento e péssimas condições de trabalho. No entanto, os últimos 12 meses sinalizam “um novo tempo, apesar dos perigos”.
Não apenas na canção de Ivan Lins, mas na certeza de quem tem uma retrospectiva, de janeiro a dezembro, marcada por muita luta, dedicação e defesa dos direitos da categoria. Tudo começou com mais um líder tucano no poder e um lapso de esperança. Mas, não demorou muito para tudo voltar a ser como era antes. Na verdade, nem tudo. Desvalorizados, os profissionais de segurança deixaram de lado a reclamação e partiram para a ação.
Em meio as promessas não cumpridas de João Doria, o Sinpolsan, com o apoio dos trabalhadores e da sociedade, mostrou que já havia passado da hora de honrar a sua base, considerada o berço do sindicalismo, como é conhecida a região de Santos com suas histórias de lutas dos trabalhadores do Porto.
Dedicação
A realização, pela primeira vez, do Congresso da Cobrapol, em Santos, escancarou as dificuldades sofridas pelos policiais da região. Durante três dias, as portas da Câmara Municipal ficaram abertas para profissionais de diferentes estados que, juntos, traçaram estratégias e se mobilizaram contra medidas arbitrárias do governo. Em sua 19 edição, o encontro estreitou a relação do Sindicato com a Casa do Povo, garantindo o apoio necessário das lideranças para o prosseguimento de projetos.
“2019 foi um ano no qual o Sindicato atuou ativamente alertando a sociedade em relação ao descaso do governo com a segurança pública. Isso fez com que garantíssemos o apoio da população e ampliássemos o bom relacionamento com a Câmara. Sem essa parceria, certamente teria sido bem mais difícil. Pena que a administração estadual não teve a mesma sensibilidade”, disse o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino.
Representante dos policiais civis da Baixada Santista e Vale do Ribeira, Pino se manteve firme diante do comportamento intransigente e irredutível do governador. Precisou engolir discursos mentirosos e o anúncio de um aumento salarial irrisório no mesmo ano em que Doria prometeu que os profissionais de São Paulo seriam os mais bem pagos do País.
Não faltaram absurdos. Sobraram palanques espalhados por diferentes cidades para inaugurar uma nova Delegacia da Mulher, enquanto os distritos seguem sem efetivo suficiente para atender os Boletins de Ocorrência ou investigar casos de homicídio. Mas, em meio a “mais do mesmo”, também foi possível fazer a diferença.
Conquista
Um Palácio da Polícia prestes a ser reformado, paralisações, assembleias, incentivo a integração e ao esporte, aquisição de um sede social para a categoria. Engana-se quem pensa que não há o que comemorar.
O Sinpolsan denunciou, a justiça decidiu e, em 2020, o prédio localizado na Avenida São Francisco vai passar pelas intervenções necessárias para minimizar os riscos sofridos por funcionários e visitantes do local. Isso sem contar a verba de R$ 10 milhões garantida pelo Deputado Kenny Mendes para as obras do edifício.
“Foi uma grande vitória e um avanço, que acaba se estendendo para as demais delegacias, que também se encontram em situações precárias”, destacou Pino, lembrando das campanhas de conscientização, como Outubro Rosa, Novembro Azul e Setembro Amarelo, sempre com o objetivo de preservar e priorizar a saúde dos policiais.
“Ministramos palestras e oferecemos orientações de especialistas. O foco sempre está na prevenção para não chegar ao extremo como, infelizmente, vemos nos índices de suicídio da nossa categoria, algo extremamente preocupante e que exige cuidado constante”, completou.
Futebol e solidariedade
As manhãs de sábado também seguiram dentro de campo. Mais do que bola rolando, o Sindicato estreitou relações, contribuindo para questões físicas, psicológicas e profissionais. E não parou por aí. Houve interação com sindicatos da região e melhora na comunicação, colocando o Sinpolsan mais próximo da categoria.
“Sempre lembramos de aproximar o sindicato da sociedade. Sem dúvida, foi importante mostrar que não temos um estilo de truculência, prova disso foram diversas ações sociais dentre elas a entrega de brinquedos em uma comunidade carente da nossa região. Precisamos de apoio para facilitar e ajudar a concluir a nosso principal finalidade, que é elucidar crimes. Sem o apoio da população, certamente, seria muito mais difícil, ainda mais com a falta de estrutura, valorização e equipamentos que o estado nos fornece. Que venha 2020 com novas conquistas e vitórias”, finalizou.
