fbpx
SINDICALSOCIAL

Pandemia traz novos desafios a portadores de TEA

Se para a maioria das pessoas a falta de rotina foi uma das principais dificuldades trazidas com a pandemia do coronavírus, para os portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o novo modelo de vida imposto pelo isolamento social, levou famílias a reajustarem tratamentos e adquirirem uma dose a mais de criatividade para evitar grandes transformações emocionais e comportamentais dentro de casa. Nesta última reportagem sobre o autismo, o Sinpolsan traz um pouco dos impactos da crise sanitária para crianças disgnosticadas com o distúrbio, escancarando ainda a falta de apoio do Estado para esse grupo.

Segundo um artigo publicado pelo Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a nova realidade pode afetar os autistas por estes serem extremamente sensíveis a mudanças e alterações do seu cotidiano. “Eles têm facilidade em fazer mais ou menos as mesmas coisas, nos mesmos horários, do mesmo jeito. Com a pandemia, a rotina mudou radicalmente”, destacou a psicopedagoga, Mara Rubia Martins, lembrando que até mesmo as terapias essenciais para o desenvolvimento dos pequenos, em alguns casos, precisaram ser interrompidas. Em outros, mudaram para o formato virtual. Tudo isso acaba gerando uma carga de ansiedade na criança, que fez as famílias se adaptarem e criarem alternativas para minimizar os impactos desse período.

Isso sem contar as questões envolvendo a própria prevenção da Covid-19, conforme apresentou o estudo da EBP. Um dos exemplos envolve as alterações das funções sensoriais. De acordo com especialistas, um autista pode apresentar grande interesse pelo odor, sabor e textura de objetos, sendo comum observá-lo passando a mão em tudo e levando os utensílios à boca. Essa prática aumenta a possibilidade de contaminação e os pais devem estar atentos à higiene, mantendo os ambientes ventilados e evitando compartilhar objetos.

Em meio a esses obstáculos, ainda é preciso lidar com a falta de políticas públicas e de uma legislação que promova, efetivamente, a inclusão do portador de TEA. O entrave já começa na busca por atendimento profissional pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Tem pessoas dentro do espectro que estão há anos na fila para receber a primeira consulta de um neurologista ou psiquiatra, que são os médicos que atuam no diagnóstico. Os estudos demonstram que, quanto antes as pessoas dentro do espectro tiverem uma intervenção realmente efetiva, melhores são os prognósticos e o desenvolvimento. Precisamos de políticas que garantam esse direito”, explicou Mara Rubia.

Foram, justamente, o acesso limitado e a falta de conhecimento sobre o distúrbio, que levaram o Sinpolsan a abrir um pouco as portas da realidade vivida por muitas famílias. “A conscientização é o primeiro passo para que haja algum avanço. Sem conhecimento fica impossível entender ou ajudar um grupo com tantas peculiaridades. Entendemos a necessidade de trazer, alguns pontos importantes, à tona mostrando o nosso apoio a essa causa, que está tão próxima de todos nós”, disse o presidente do Sinpolsan, Renato Martins.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo