Para quem dribla, diariamente, a realidade, os números não surpreendem, apenas confirmam. Para aqueles que há anos esperam por Justiça, as estatísticas desanimam, causam indignação e não tem explicação. No entanto, o esclarecimento é simples: falta de recursos humanos, capacitação, investimentos e vontade do poder público. Esse é o cenário que reflete na impunidade. Esses são os pontos que impedem a solução de 70% dos homicídios em 11 estados brasileiros.
O percentual foi divulgado pelo Instituto Sou da Paz e apresentado no último domingo em rede nacional pelo Fantástico. A matéria de quase 10 minutos escancarou, mais uma vez, o descaso vivido pelos policiais civis que tentam, em vão, realizar um trabalho de qualidade. A falta de conexão e de troca de informação entre o Judiciário, o Ministério Público e a corporação também foram citadas por especialistas. Porém, quando não há o essencial, fica difícil apontar os erros que impedem um desfecho ideal.
Em contrapartida, a situação no Distrito Federal constata que tudo pode ser diferente quando há interesse. Na sede do Congresso Nacional, 92% dos casos de homicídios são esclarecidos em um prazo de até dois anos. “Isso mostra que quando há valorização as coisas funcionam. Como dar prosseguimento a investigação e garantir a solução com um déficit de quase 10 mil agentes na instituição? Em São Paulo fazemos milagre, assim como acontece em outros estados. Ano após ano, os números revelam o sucateamento do sistema, mas nada é feito. Até quando vamos ser capa de jornais ou matérias de TV sem motivo positivo para aparecer?”, questionou o presidente do Sinpolsan Marcio Pino.
