Muita expectativa, pouca realidade
Deveria ser uma luz no fim do túnel, mas tudo indica que está mais para “tapar o sol com a peneira”. O resultado do concurso para Polícia Civil do Estado de São Paulo, divulgado no último dia 22, está longe de atender as expectativas da instituição, que há anos enfrenta o deficit de funcionários, dificultando a realização de um trabalho efetivo e de qualidade. Ao todo, foram abertas 2.939 vagas, sendo 2.500 para Investigador e Escrivão. Essa é a realidade. A expectativa? Que seja resolvida a ausência de mais de 15 mil policiais em todo o estado, sendo 1 mil apenas na Baixada Santista.
Se não bastasse a discrepância nos números, a liberação, este mês, dos aprovados pode não significar novos profissionais nas delegacias e nas ruas em um curto período de tempo. Vale lembrar que o último concurso, realizado em 2017, foi concluído apenas meia década depois, ou seja este ano. “Cinco anos para concluir o último concurso, uma vergonha que não pode se repetir”, destacou o presidente do Sinpolsan, Renato Martins.
O cenário atual fala por si só. A situação é a precarização do trabalho, sobrecarga das jornadas, baixa resolutividade de investigações, aumento dos índices de criminalidade pela sensação de impunidade decorrente da ausência de estrutura da polícia judiciária. Enfim, uma espera que revela o descaso com a Polícia Civil. Dados recentes mostram aumento no número de assaltos e de latrocínios, os roubos seguidos de assassinatos. Ou seja, a longa espera pode representar novas tragédias.
Mas, a verdade é que em ano eleitoral tudo pode acontecer. Sobram promessas, palanques e belos discursos, e a segurança pública se torna protagonista, pena que de uma farsa. “Estamos acostumados a virar moeda de troca durante a campanha eleitoral. E depois ficamos a ver navios. Acompanhamos isso enquanto Doria esteve à frente da Assembleia Legislativa. Mas, o nosso papel é fiscalizar e continuar lutando para que o enredo da história não seja sempre o mesmo”, afirmou Martins.