A morte da segurança
Quando o “encontro” entre duas instituições coirmãs termina em morte é sinal de que a desvalorização e o descaso continuam sendo os principais tratamentos oferecidos aos profissionais de segurança. O assassinato de um Policial Civil por um Militar na madrugada desta segunda-feira, no Guarujá, traz à tona um cenário recorrente em ambas corporações: o desgaste emocional resultante dos baixos salários e jornadas excessivas.
A motivação do crime ainda está sendo investigada, porém é visível o estresse sofrido pelos trabalhadores, que além de lidarem com as dificuldades inerentes à profissão, são obrigados a lidar com as escalas extraordinárias e com o sucateamento histórico. Conforme já apontado por especialistas, a exposição contínua à violência pode tornar o indivíduo mais vulnerável às doenças psíquicas, à dependência química e às doenças psicossomáticas. Imagina, então, quando está atrelada à falta de investimentos, estrutura e redução contínua do poder de compra. Não há saúde mental capaz de resistir à tanta pressão.
O Sinpolsan e a Feipol Sudeste lamentam a situação e estão acompanhando de perto os esclarecimentos sobre o caso, aparentemente, gerado por um desentendimento entre os policiais. “É muito triste ver episódios como esse entre companheiros de trabalho. Mas fica o alerta, pois sabemos que vivem sob pressão e totalmente desgastados diante dos entraves que os impossibilita de realizar sua função com plenitude e qualidade. Isso sem contar os plantões abusivos”, destacou o presidente da Federação, Marcio Pino.
O representante dos Policiais Civis na Baixada Santista e Região, Renato Martins, observa o crime como reflexo da realidade dos policiais. “Há clara sinalização de que a ausência de investimentos, valorização e cuidado com a formação e auxílio aos servidores pode ser a verdadeira causa de mais uma tragédia, revelando a necessidade de que precisamos seguir com a nossa missão de preservar não apenas os direitos como a saúde dos trabalhadores “.