O que precisamos, mais burocracia ou mais investigação?
Em meio a tantos problemas, políticos pressionam para a inauguração de mais uma Seccional em nossa região. Na Baixada Santista, o déficit de Policiais Civis chega a 50%. No Estado de São Paulo, são 8 mil profissionais de segurança a menos. O resultado é óbvio: inquéritos parados, sem solução.
Diante deste cenário, o esperado seria, priorizar as investigações, reforçar os plantões para diminuir o sofrimento das vitimas e também dos policiais. Estes que, para manter o mínimo necessário, estão sobrecarregados e com jornada de trabalho excessiva. Falta planejamento até para realização de concursos para “repor as necessidades de recursos humanos da Polícia Civil”, conforme indicado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) no ano passado.
No entanto, expectativa e realidade não costumam caminhar juntas. Isso fica evidente quando no Palácio dos Bandeirantes identifica-se que a eficiência dá lugar aos desejos políticos e não às melhorias necessárias à população e à instituição.
Não é à toa que ao invés da solução dos problemas, a maior preocupação do governo é atender os interesses políticos. Uma demonstração disso é que, mesmo prejudicando toda a estrutura já precária da nossa Polícia, irá inaugurar até o fim deste ano mais uma seccional, dessa vez em Praia Grande.
Prejuízos
A conta, novamente, não vai fechar, afinal como remanejar funcionários para a nova sede administrativa se não há trabalhadores suficientes para atender os DPs já existentes? Talvez a pergunta seja, como explicar a falta de policiais se o pior problema da gestão atual é a falta de bom senso? Entre o palanque e a razão, a escolha fica sempre por chamar a atenção.
“Sabe-se da dificuldade, da falta de funcionários e que o momento não é adequado para a criação de uma nova sede administrativa. Infelizmente faltam servidores para a atividade fim que é a execução de investigação e o atendimento ao público. Fica claro que essa decisão vai prejudicar ainda mais o trabalho. É um absurdo que em primeiro plano fique o desejo de fazer a vontade de uma pessoa que quer entregar a seccional até o dia 31, quando termina a sua gestão, em detrimento da instituição”, destacou o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino.
Diante da falta de bom senso do governo e da administração da instituição, que se curva a todas interferências políticas externas, convocamos todos os policiais e a população, que sofre com a insegurança, para participar do nosso protesto no momento da inauguração.
Cabe esclarecer à população, que a criação de uma nova seccional exigirá a realocação de policiais para a parte administrativa, tais como departamento pessoal, setor de finanças, subfrota e delegados assistentes. Eles serão retirados das unidades policiais, que já se encontram defasadas em seus quadros de funcionários. E, consequentemente, isso também acarretará no fechamento de algumas unidades policiais.
“O Sindicato se coloca à disposição, mesmo não sendo convidado, pra participar dessa inauguração. De antemão, convidamos todos os policiais e a população para dar boas vindas e mais uma vez parabenizar pelo péssimo serviço oferecido à instituição Polícia Civil”, finalizou.