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SINDICAL

Polícia estática, Polícia estatística – A verdade da Operação

O resultado da Operação realizada pela Polícia Civil nos 24 municípios da Baixada Santista e Vale do Ribeira, revelou mais uma vez o que o Sinpolsan vem afirmando há muito tempo: um trabalho superficial, com claro objetivo de apresentar uma polícia em atividade, criando uma falsa sensação de eficiência, sem qualquer compromisso com a qualidade dos resultados, apenas produzindo estatísticas.

A mobilização, acredita-se, decorrente de um planejamento, trouxe resultados que poderiam ser alcançados de outra forma, sem tanto desgaste e risco à vida dos profissionais e de seus familiares nestes tempos de pandemia.

O objetivo de produção estatística fica muito mais evidente, quando o balanço da Operação, mediante a manipulação de números, inclui cumprimento de mandados por pensão alimentícia e usuários de drogas como presos. Isso já seria motivo suficiente para revelar a inconsistência da gincana, que se socorre desta estratégia para tentar convencer a sociedade de que a sua ação trouxe resultado positivo.

Todos sabem que prisão por falta de pagamento de pensão alimentícia não tem a capacidade de trazer qualquer alteração nos índices de criminalidade. Além disso, o cômputo de usuários de drogas como presos demonstra a preocupação apenas com números. Isto porque, grande parte dos usuários, antes mesmo da divulgação do balanço da operação, já se encontra no mesmo local de sua detenção, aguardando a operação do mês seguinte.

Apreensões

Já no que diz respeito a apreensão de 40 Kg de drogas, é considerável, mas não justifica a mobilização em um único dia, pois esse resultado poderia ser alcançado ao longo de um mês, sem qualquer operação. Aliás, pode-se considerar que, após 30 dias de planejamento, o desfecho foi a apreensão de cerca de 1,33kg ao dia de droga. Mas, vejamos, a Receita Federal, em uma única operação, apreendeu cerca de 600kg, em dezembro, e mais cerca de 800kg, em janeiro.

A Polícia Rodoviária também vem apreendendo quantidade muito mais expressiva na Régis Bitencourt, e uma guarnição da Polícia Militar, na semana passada, em questão de horas, apreendeu cerca de 4,0kg num dos plantões da Cidade de Santos. E não foi apreensão de droga, mas prisão em flagrante pelo crime de tráfico com apreensão da droga.

Uma guarnição num único dia, sem qualquer planejamento, conseguiu apreender o equivalente a quatro dias da festejada Operação!!!

Disputas

Outro ponto a ressaltar diz respeito às Especializadas, que acabam apresentando melhores resultados, justamente por possuírem mais estrutura e maior número de policiais. Diante disso, mostra-se equivocada a disputa, já que, ao final, os resultados mais satisfatórios serão obtidos pelas Unidades especializadas.

Uma disputa desnecessária, que provoca paralisação dos procedimentos e das investigações nas Unidades, já sobrecarregadas, que ficam impedidas de desenvolver o seu trabalho de polícia judiciária. E mais, no dia da gincana, permanecem abertas atendendo ao público e as ocorrências trazidas pela Policia Militar e Guardas Municipais.

Nem vale a pena tratar aqui do sistema de pontuação, mais um dos critérios equivocados. A Operação também não trouxe uma quantidade expressiva de prisões de ladrões e traficantes, capazes de reduzir os índices de alguns crimes, como sugerido, até porque os números de prisões apresentadas não corresponde a quantidade de vagas nas Cadeias do Departamento. Os policiais, que trabalham nos plantões, sabem os números de vagas disponíveis nas cadeias de suas respectivas regiões e compreendem que os dados apresentados são contestados pela realidade.

O fato é que o resultado divulgado seria alcançado com ou sem a Operação, da forma como ela é planejada e executada e, portanto, está longe de ser considerada um sucesso. Acreditar no contrário é desconhecer que o Departamento tem sob sua base de atuação uma rodovia e o maior porto da América Latina, considerados rotas do tráfico de drogas, armas e contrabando.

A ausência de apreensão de fuzis, a apreensão de menos drogas do que é feito por outras instituições, o cômputo de mandados de prisões por pensão alimentícia e usuários considerados como presos, são motivos de reflexão e não de exaltação.

Manipulação

Há uma clara manipulação de dados e o Sinpolsan reafirma a sua divergência, ao mesmo tempo que externa a sua felicidade pelo fato de nenhum disparo ter sido efetuado durante asua realização, pois ainda existem cerca 400 policiais sem colete balístico e alguns com armamentos ultrapassados. Isso sem contar as viaturas em péssimo estado de conservação, o que poderia trazer consequências bastante graves aos policiais.

Curioso é assistir a Diretoria da Polícia Investigativa exaltando-se por um trabalho que deveria ser realizado pela Polícia Ostensiva. O Sinpolsan entende que o resultado a ser alcançado passaria, por exemplo, pelo índice de esclarecimento das notícias de crimes registradas, pela quantidade de cumprimento de Ordens de Serviços, pelo número de interceptações telefônicas que viabilizaram desmantelamento de organizações ou apreensões de drogas, e número de Inquéritos Policiais relatados, na base de sua atuação.

Essa é a posição do Sinpolsan, que tem a convicção de que o trabalho de investigação é que deve ser prestigiado em todas as Unidades e em todas as ações da Policia Civil. Sendo assim, por considerá-lo como nossa razão de existir, deve ser o foco da nossa atividade, razão pela qual, reafirma ser essa Operação um sistema de trabalho equivocado, carente de reformulação.

E, ao analisar os balanços das Operações, parafraseando a frase atribuída a Ariano Suassuna de que existem três tipos de mentira: a pequena, a cabeluda e a estatística, o Sindicato apontaria, sem qualquer hesitação, um quarto tipo: a Estatística do Deinter-6.

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