Palanque das mentiras x delegacias vazias
Dados de 2018 apontam que São Paulo conta com um déficit de quase 7 mil Policiais Militares. Informações divulgadas no ano passado mostram que a Polícia Civil sofre com a falta de quase 13 mil funcionários. Reportagem publicada neste sábado diz “Governo autoriza a contratação de 5,6 mil PMs”. Talvez, o título sozinho chamasse a atenção para uma iniciativa positiva da administração estadual.
No entanto, quando a realidade vem à tona, aparece também a pergunta: qual o critério para reposição? Publicidade ou segurança de verdade? Os números falam por si só, enquanto o poder público segue mostrando o que o povo quer ver ao mesmo tempo em que esconde aquilo que, claramente, precisa resolver. É o famoso palanque das mentiras x a veracidade das delegacias cada vez mais vazias.
“É o retrato do descaso com a Polícia Civil, cujo efetivo é bem menor. O déficit da PM nem se compara ao nosso e eles já pensam em reposição, isso se chama planejamento e valorização. Cada ação equivocada tomada pelo governo escancara que a insegurança pública é gerada não apenas pela ausência de conhecimento, mas sim pela priorização da publicidade”, afirmou o presidente Marcio Pino, um dos principais defensores de novas contratações para garantir um atendimento de qualidade para a população.
“Ao colocar mais PMs nas ruas, se oferece a sensação de segurança, mas os crimes que acontecem e são impossíveis de se prevenir a não ser com inteligência, continuam ocorrendo e não investir em uma polícia investigativa capacitada para esclarecer é indiretamente uma forma de premiar o criminoso pois a possibilidade de esclarecimento e localizar os autores diminuem”, completou.
Estatísticas
Não é de hoje que a categoria sofre com o sucateamento da Polícia Civil, sendo a quantidade restrita de funcionários nos DPs uma das reivindicações mais antigas. E, conforme as estatísticas, a situação tem piorado a cada ano. Entre 2017 e 2019, o débito do efetivo cresceu 15,4%.
Quando se fala especificamente dos delegados, esse percentual sobe para 63,5% nesse período. E mesmo diante do caos que afeta muitas cidades paulistas, sobretudo, a Baixada Santista e região, os profissionais continuam sendo tratados como coadjuvantes enquanto lutam para também serem protagonistas no combate à criminalidade.
“O ano mal começou e seguimos sendo deixados em segundo plano. Até quando seremos lembrados apenas durante as campanhas eleitorais?”, questionou Pino.