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SINDICAL

O sucateamento e o suicídio

O governo tira os direitos, os benefícios e até mesmo a dignidade. Como consequência, eles estão tirando a própria vida. Essa é a realidade dos Policiais Civis, que morrem mais por suicídio do que durante o combate a criminalidade. A taxa média é de 30,3 suicídios a cada 100 profissionais de segurança por ano, índice considerado pandemia, pois supera em três vezes o aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Recentemente, dois casos chamaram a atenção da corporação. Em menos de uma semana, o escrivães Ivan Giancotti Ferreira, de 36 anos, e Emerson Reginaldo Saturnino de Abreu, de 48 anos, foram encontrados mortos com um tiro na cabeça. O projétil saiu da arma dos próprios agentes. O primeiro caso aconteceu em Guarujá, no Litoral paulista, e o outro em José Bonifácio, no interior do estado. O cenário, reflexo de um sucateamento histórico do sistema, reitera o frequente questionamento: se eles salvam vidas, porque a vida deles não importa?

Linha de frente

Eles sofrem com a falta de apoio psicológico ao mesmo tempo em que escondem as suas fraquezas, já que foram preparados para garantir a integridade física e mental da sociedade.

“O policial que está na linha de tiro deveria ter acompanhamento preventivo. Deveria fazer parte da sua função a assistência psicológica, pois é uma carreira que vive sob intensa pressão e estresse. A depressão está diretamente ligada ao modo de vida. Os policiais são profissionais que se expõem a riscos diariamente e não ganham o suficiente para isso. Eles sabem que podem sair para uma ocorrência e não voltar”, destacou o psiquiatra Miguel Ximenes, que no ano passado palestrou para a categoria em meio a campanha do Setembro Amarelo, voltada exatamente para este tema.

Além da depressão, outras causas levam os policiais a interromperem a sua caminhada, entre elas, questões financeiras, já que os servidores não são devidamente valorizados. “A falta de funcionários leva a plantões excessivos e se não bastasse isso, ainda são obrigados a buscar uma renda extra, pois são vítimas de uma alta defasagem salarial. Esse é outro motivo para não buscarem ajuda psíquica. Eles não podem perder suas armas, pois as utilizam para fazer bicos. O problema é que elas acabam sendo usadas contra eles mesmos”, destacou o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino, preocupado com a situação e abalado com a perda precoce dos companheiros. “O sucateamento do sistema chegou ao extremo. Não estamos apenas perdendo o teto de delegacias, mas vendo colegas partirem por não aguentarem tanta pressão sem nenhum tipo de compensação”.

Dados gerais

O número de países com estratégias nacionais de prevenção ao suicídio aumentou nos cinco anos desde a publicação do primeiro relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tema, apontou. No entanto, o número total de países com estratégias (38) ainda é baixo, e os governos precisam se comprometer a estabelecê-las. “Apesar do progresso, uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Toda morte é uma tragédia para a família, amigos e colegas. No entanto, suicídios são evitáveis. Chamamos todos os países a incorporarem estratégias comprovadas de prevenção ao suicídio em seus programas nacionais de saúde e educação de maneira sustentável.”

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