Democracia de um homem só
No dia da Consciência Negra, fica claro que o Brasil não sofre apenas de preconceito racial velado. A democracia também se tornou um instrumento dissimulado num País onde as autoridades insistem em subir no palanque apenas para manter o silêncio dos excluídos.
Uma manifestação realizada, nesta terça-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo, mostrou que João Doria não tem limites. Após uma série de anúncios descabidos ele quer, agora, acelerar a aprovação da Reforma da Previdência estadual, sem que haja discussões e, muito menos, emendas. É a democracia de um homem só. A soberania de um ditador.
“É preciso o diálogo. Essa reforma é desnecessária e visa somente atender os interesses de investidores, especuladores, empresários, sacrificando ainda mais o servidor público. Lamentamos essa ação do governo de pressionar os deputados para que a reforma seja aprovada a toque de caixa”, destacou o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino.
“Vale lembrar que durante a sua campanha, o próprio governador mencionou e se comprometeu a não mexer com a previdência do estado, pois a mesma estava superavitária, já que seu antecessor havia feito as mudanças necessárias, deixando as contas equalizadas”, complementou.
Manifestação
O representante dos Policiais Civis da Baixada Santista esteve na Alesp para protestar contra o comportamento autoritário de Doria. Para os profissionais de segurança, um dos itens da reforma retira o principal anseio da categoria, o reajuste salarial há anos estagnado.
Isso porque, a proposta do líder tucano prevê um salto de 11% para 14% na contribuição previdenciária. Isso significa que o incremento de 5% no salário dos trabalhadores será, na verdade, irrisório. Não é à toa que a medida é chamada de confisco.
Além disso, o texto propõe aumento da idade mínima de aposentadoria para os funcionários públicos, muda a regra de cálculo dos benefícios, altera a pensão por morte e institui duas regras de transição para aqueles que já são servidores.
A justificativa para as novas regras é um rombo de R$ 29,5 bilhões na previdência em 2018. “Os discursos são contraditórios e mais uma vez querem nos transferir a conta. Pedimos às categorias que fiquem atentas, assim como os representantes das entidades de classe. Essa luta é de toda a classe trabalhadora e da sociedade também. O ano está acabando e não vamos permitir o início de uma nova década de absurdos”.