Justiça interdita Palácio da Polícia
Não basta exercer uma profissão de risco, é preciso, ainda, viver sob as consequências do descaso do governo, que insiste em manter os Policiais Civis à mercê de condições precárias de trabalho e, também, vítimas que procuram atendimento nas unidades policiais. A prova disso é uma decisão judicial publicada, nesta quinta-feira, determinando a interdição, pela segunda vez, do Palácio da Polícia, no Centro de Santos. O parecer escancara, novamente, a tentativa do poder público de deixar a segurança em segundo plano, sem qualquer sinal de prioridade nos investimentos.
De acordo com o documento, que atende uma solicitação de tutela de urgência do Sinpolsan, o Estado não atendeu aos prazos estipulados para restauração e recobrança da segurança e salubridade do prédio. A administração paulista chegou a culpar a burocracia pelo atraso nas obras, devido à necessidade de licitação do serviço. No entanto, diante das irregularidades encontradas no local, o juiz deferiu o pedido do Sindicato, fechando as portas do Palácio. O remanejamento dos trabalhadores deverá ser feito no prazo de 15 dias, contados a partir da próxima segunda-feira.
Esse é apenas mais um capítulo da história, que começou há quase dez anos. Em 2013, a gestão tucana chegou a prometer R$2,5 milhões para o espaço. No entanto, a obra nunca saiu do papel. Em 2015, aconteceu a primeira mobilização, quando o Sinpolsan, sob a liderança do ex-presidente, Marcio Pino, contratou um engenheiro para atestar os problemas estruturais. Apesar da constatação de que a situação gerava riscos para funcionários e também à população, nada foi feito.
Mais evidências
No início de 2019, um perito oficial esteve no Palácio para, novamente, corroborar com as informações apresentadas pela entidade. O laudo chegou a apontar que caso ocorresse um incêndio, o edifício estava desprotegido.
Além disso, foi detectada a presença de manchas de umidade nas paredes, pinturas desgastadas, pisos danificados, deficiência em relação à iluminação em determinados ambientes, ausência de extintores em locais estratégicos e precariedade nas instalações elétricas.
Diante disso, o prédio chegou a ser bloqueado em dezembro de 2019. No entanto, foi liberado, desde que fossem cumpridas as determinações e prazos sem prejuízo aos trabalhadores e à população. No entanto, ao virar as costas para a categoria, mais uma vez, o Sinpolsan foi obrigado a tomar novas medidas.
“O Palácio da Polícia quando foi inaugurado representava a importância e a imponência da instituição perante a sociedade. Hoje, é reflexo do abandono. Se o Palácio, que é localizado numa nas maiores cidades da nossa região, está nesse abandono, imagine as demais delegacias em municípios menores. Espero que esse quadro se reverta e, com a ajuda da população e policiais, a gente consiga reverter esse quadro e ajudando a mudar a Polícia Civil para que ela possa voltar ao lugar que merece”, afirmou o presidente da Feipol Sudeste, Marcio Pino.
“Não podemos mais aceitar que o governo continue submetendo os profissionais de segurança a condições insalubres. Estamos acompanhando essa situação e tomaremos as providências necessárias”, concluiu o presidente do Sindicato, Renato Martins, lembrando que o 2 DP de Santos, no bairro do Jabaquara também está interditado, após o desabamento do teto da sala de um escrivão.