Após anunciar reajuste de 5%, Doria pretende retirar benefício
Seja qual for a estação do ano, o apego do governador João Doria ao famoso e popular “cobertor curto” é inegável. Nesta sexta-feira, o líder tucano, mais uma vez, mostrou ser mestre em “descobrir o pé para cobrir a cabeça” quando se trata dos servidores públicos.
Em menos de uma semana, o chefe de estado deu e tirou o aumento salarial aguardado há anos pelos policiais civis. Parece absurdo, mas não é.
Se já não bastasse o anúncio vergonhoso de 5% de reajuste aos profissionais de segurança no último dia 30, o administrador apresentou, agora, uma Reforma da Previdência que, entre outros pontos, eleva de 11% para 14% a contribuição mensal dos funcionários estatais. Um verdadeiro presente de grego.
No entanto, se ele pensa que “tirar pirulito da boca de criança é fácil, talvez seja porque ele nunca tentou tirar carne da boca do leão”. Ou seja, assim como a categoria se mobilizou contra o pseudo-aumento, incapaz de cobrir as necessidades básicas de quem espera há décadas por valorização, também irá às ruas para mostrar a realidade por trás das frases de efeito e do discurso sempre tão bem elaborado.
Protesto
Na próxima segunda-feira, a partir das 7h30, as polícias paulistas vão organizar um grande protesto em frente ao Palácio dos Bandeirantes. E, justamente na casa do governo, está prevista a abertura do 1º Fórum Internacional Integrado pelo governador. Informações indicam que Doria teria cancelado a sua participação no evento com medo da represália.
“Com ou sem a presença dele poderemos mostrar para pessoas de diferentes partes do mundo o tratamento oferecido aos responsáveis pelo combate a criminalidade no Brasil. Se ele pensou que íamos engolir mais esse absurdo, está muito enganado”, destacou o presidente do Sinpolsan, Márcio Pino.
“É um pacote de maldades sem fim. Vale lembrar que aqueles que não receberam aumento, vão sofrer um decréscimo nos seus salários”, completou.
Em uma conta rápida, o representante dos policiais civis da Baixada Santista e região mostrou como vai ficar o cenário, caso a proposta de Doria seja aprovada.
Se antes, por exemplo, a remuneração dos escrivães de polícia era de R$3.743,98 chegando aos R$ 2.770,45 com os descontos (15% IR + 11% previdência), com o incremento de 5% e, ao mesmo tempo, a reforma, sairá dos R$3.931,18 passando para R$2.614,30 (22,5% IR + 14% previdência).
“Bela demonstração de reconhecimento governador. E mais incrível ainda a estratégia de enganar duas vezes os trabalhadores. Primeiro com um anúncio pífio depois de garantir que a polícia de São Paulo seria a mais bem paga do País. Agora, com a contrapartida, deixa os salários dos policiais ainda menores. É pra rir ou pra chorar?”, finaliza Pino.