Por Sérgio Maraccini
A profissão de Perito Criminal não nos permite parar de trabalhar em prol da ciência, da tecnologia e da parte forense, cujo objetivo é desvendar os crimes.
Nossa função é servir, proteger e ser os olhos dos juízes na cena da ocorrência. Temos que transportar para um pedaço de papel tudo aquilo que vemos, de maneira que o juíz possa ler o nosso laudo e estar vendo a cena do crime, tal qual ela ocorreu.
Diante disso e independentemente do tipo de perícia que façamos, estamos, diuturnamente, expostos ao contágio, não apenas do coronavírus, mas de todos os tipos de vírus, bactérias e doenças, devido aos materiais que manipulamos constantemente.
Nas perícias de laboratório, examinamos as peças que vêm contaminadas, sobretudo, por sangue, saliva, sêmen ou outros materiais orgânicos. Também manuseamos drogas que, além do próprio risco da manipulação, temos, também, agora, o perigo de que haja suor contaminado em blocos de crack ou embalagens de diferentes ilícitos.
O perito de local, quando vai fazer encontro de cadáver, em casos de homicídio, tem que colocar as luvas. Lá é preciso manipular os corpos, as feridas, os orifícios de entrada e de saída dos projéteis. Só assim é possível fazer uma descrição detalhada no laudo com o máximo possível de esclarecimentos para ajudar a autoridade judicial na elucidação do crime.
Se o tiro veio de cima pra baixo, por exemplo, há uma grande probabilidade de execução. Nesse caso, a pessoa estaria no chão, rendida e com o tiro vindo de cima. Tudo isso são fatores que podem ser identificados apenas por meio da manipulação do corpo.
Exposição
Os peritos criminais estão expostos o tempo inteiro a diferentes tipos de bactérias, vírus, microorganismos, substancias tóxicas e venenosas, que podem, inclusive, levá-los a morte. É uma profissão de alto risco.
Nós, assim como toda a parte policial, que está exposta ao contato com as pessoas, mortos, substâncias orgânicas, inorgânicas, venenosas, passamos o tempo todo em busca da verdade para que ela seja exposta à população e ao juiz, de forma que ele possa incriminar ou inocentar uma pessoa.
A profissão do perito criminal não é apenas aquela da pessoa do avental, da máscara, da luva, que coleta digital nos locais de crime. O perito criminal também vive a mercê dos criminosos, pois quando se deslocam dentro das viaturas, estão expostos a criminalidade em geral, não importa se o veículo é da polícia técnico científica. O bandido vai ver a sirene, o luminoso, o escrito, e vai sentar o dedo, descarregar a arma no perito.
Isso sem contar o trajeto de ida e volta do trabalho ou, até mesmo, o período de folga. O Perito criminal é uma profissão de alto risco e que deve ser altamente valorizada, assim como toda a área da polícia.
