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SINDICAL

O risco da negligência

Até quando? Há anos, essa é a pergunta feita pelos Policiais Civis às autoridades brasileira cada vez que um profissional de segurança perde a vida vítima, não apenas da criminalidade, mas, principalmente, do descaso do poder público.

Se levado ao pé da letra, o provérbio popular “Um é bom, dois é pouco, três é demais” não se aplica a corporação. No entanto, ele dá uma lição, infelizmente, nunca aprendida pelos governantes: para dar certo é preciso equilíbrio.

O caso

Neste domingo, o policial Civil Osafa Pereira da Cruz, de 41 anos, foi assassinado dentro de uma delegacia na cidade de Paranavaí, no Paraná. No momento da ocorrência, ele estava sozinho.

Tudo indica que o investigador foi morto por Genivaldo Peixoto da Silva, que havia sido apreendido por um Policial Militar pelo crime de violação de domicílio e drogas para consumo. O crime aconteceu após Osafa dispensar os PMs para dar prosseguimento ao processo burocrático envolvendo o delito.

Aparentemente, tudo caminhava dentro da normalidade. Porém, está longe de ser normal ou, melhor, correto, um policial conduzir uma ocorrência sozinho. Talvez não haja uma quantidade de funcionários pré-estipulada mas, é quase óbvio, que algum procedimento irá falhar se não houver uma equipe adequada e pronta para atuar.

Problemas

A verdade é que a falta de efetivo, consequência do sucateamento da Polícia Civil, faz com que a qualidade do serviço seja precarizada e aqueles que foram treinados para salvar a sociedade, acabem impossibilitados de manter a própria vida.

Funcionários ficam corriqueiramente sozinhos e vulneráveis em delegacias em meio a documentos sigilosos, arquivos importantes, equipamentos modernos, armas e munições, materiais entorpecentes e outros bens apreendidos.

O cenário confronta com o ensinado, por exemplo, durante a academia de polícia. No período de treinamento, os investigadores aprendem nas aulas de técnicas de abordagem, operações, investigações, dentre outras, que policial não trabalha sozinho.

No entanto, logo se deparam com a triste realidade de ter que trabalhar em plantão noturno, efetuar intimações e conduzir presos sem nenhum parceiro.

“Travamos uma luta sem fim pela contratação de novos policiais para compor o efetivo tão defasado. Ano após ano somos fantoches usados durante o período eleitoral para angariar votos. E o principal anúncio costuma ser concursos públicos e contratações que nunca acontecem. O resultado dessa manipulação está mais uma vez na manchete dos jornais. Escolhemos uma profissão de risco, mas o risco deixa de ser inerente a função quando ele passa a ser reflexo de negligência e irresponsabilidade. Não vamos nos calar”, afirmou o presidente da Feipol Sudeste, Marcio Pino.

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