Ele já passou de prefeito a governador e foi multado pelo uso indevido do slogan “Acelera SP”. No entanto, quando se trata de retirar direitos dos servidores públicos, João Dória sempre tira o jargão do bolso. A publicação, neste sábado, de um comunicado no Diário Oficial mostra a agilidade e, provavelmente, a felicidade, do líder tucano ao ver a categoria levando mais uma punhalada pelas costas.
O texto concretiza a suspensão de qualquer título, vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração dos funcionários estatais, cancelando processos instaurados. A determinação integra a lei de socorro a estados e municípios sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que veta o incremento salarial a esses trabalhadores pelo período de dois anos.
A dupla
E, dessa vez, ele ainda tem com quem comemorar, mesmo que a quilômetros de distância. Em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi o responsável por “convencer” Bolsonaro a proibir qualquer acréscimo no holerith dos servidores. A diferença talvez esteja no discurso explícito de Guedes, que colocou os trabalhadores estatais como inimigos da sociedade, ao serem chamados de saqueadores dos cofres públicos em um momento de tantas dificuldades.
Durante reunião ministerial, ele chegou a afirmar que “nessa confusão toda, todo mundo achando que estamos distraídos, abraçaram a gente e nós botamos a granada no bolso do indivíduo, dois anos sem aumento de salário”.
Uma bela dupla, com perfis diferentes, mas os mesmos interesses e, pelo que tudo indica, a mesma cara de pau.
“Mais uma vez, o estado mostra a maneira rápida como reage quando é para prejudicar os servidores. O mesmo não acontece quando é para cumprir com as suas obrigações. Se há interesse do trabalhador ou da população, o estado se torna lento, arcaico, proibindo a liberação de qualquer benefício. De acordo com a publicação do DO, precisaremos consultar a pasta se desejarmos qualquer mudança positiva e já sabemos que a resposta será sempre ‘não’. Quem quiser que brigue na Justiça para que o seu direito seja preservado. Mas, a negativa já faz parte da nossa trajetória, já que no atual governo, os policiais têm sido apenas sucateados e desvalorizados. Mas, seguiremos com as nossas lutas”, disse o presidente do Sinpolsan e da Feipol Sudeste, Marcio Pino.
