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SINDICAL

A blindagem de um Estado omisso

Nem sempre a máxima “Contra fatos não há argumentos” realmente faz sentido. Pelo menos, é o que mostra a reportagem Polícia Civil na Baixada Santista recebe seis viaturas do estado, publicada recentemente no site G1 Santos. Nesse caso, o Sinpolsan, que representa a categoria na região, tem, sim, muitas considerações a fazer. Diante do cenário de sucateamento do sistema, que inclui a falta de veículos ou a precariedade dos existentes, a entrega de seis viaturas, na verdade, parcialmente blindadas, em nada minimiza as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de segurança. Há anos, eles reivindicam estrutura adequada para desenvolverem as suas funções. No entanto, seguem à espera da boa vontade do governo, que insiste em tratá-los com descaso.

Em matéria divulgada em 2019 sobre a falta de aparato oferecido para esses trabalhadores, o Tribunal de Contas de São Paulo afirmou que, ‘considerando o déficit crítico de recursos humanos sem uma perspectiva de reposição, a precariedade das delegacias e a ausência dos recursos materiais, avaliou-se que a Polícia Civil está desprovida de recursos de toda ordem para cumprir adequadamente sua missão institucional, o que pode culminar, sem as devidas correções, em sua inoperância’. Ou seja, novela é antiga e, certamente, está longe do seu capítulo final. Ainda que o poder público insista em chamar atenção com ninharias, o abandono e sucateamento da corporação é nítido.

“É uma quantidade irrisória diante da demanda e condições das viaturas hoje existentes nas unidades policiais. Não trazem nenhuma solução. A bem da verdade , as viaturas da maioria das delegacias precisaria é de impermeabilização, pois chove dentro. A maioria das viaturas antigas, algumas com buracos, ferrugem e remendadas com fitas adesivas. Inexiste manutenção, e falta segurança, trazEendo risco ao servidor, presos e ao trânsito”, destacou o presidente do Sinpolsan, Renato Martins.

“Quem a administração pensa que engana?”, questionou o sucessor de Marcio Pino, presidente que, por quase uma década, lutou por melhores condições para a categoria. “É sempre a mesma história, oferecem migalhas para mostrar que estão fazendo algo, ainda que não seja nada efetivo”, disse Pino.

Martins aproveitou para ressaltar que a necessidade de viaturas blindadas, revela a falência da política de segurança pública do Estado de São Paulo. “Esse é o resultado de três décadas de Administração Tucana do Estado. A ausência de política de segurança pública séria e eficaz, e a precarização da Polícia Civil, resultaram no aumento da criminalidade e da insegurança, culminando na absurda necessidade de blindagem de viaturas policiais. A percepção de insegurança alcançou a própria polícia do Agripino”.

A verdade, é que não existe política de segurança pública, apenas publicidade, desmascarada pela própria contradição do Estado e pela triste realidade suportada pela sociedade.

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