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BRASILSINDICAL

Se sacrificar mais?

Mais de 500 policiais afastados pelo coronavírus, médicos sem equipamentos de segurança suficientes para se protegerem da doença, cientistas na linha de frente em busca da cura do Covid-19. Esse é o cenário brasileiro em meio a pandemia que aflige o País.

No entanto, parece que a atuação efetiva dos servidores não é suficiente para o governo federal. Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, os funcionários públicos precisam se “sacrificar em nome do Brasil”. E não é isso que eles têm feito há anos?

Conforme reportagens publicadas na grande imprensa, o servidor deverá ficar um ano e meio sem pedir aumento. O congelamento salarial foi apresentado como uma contrapartida na negociação do pacote de ajuda financeira federal aos estados e municípios.

O problema, mais uma vez, está na amnésia dos parlamentares diante da real situação já vivida por algumas categorias.

Salário defasado

A Polícia Civil, por exemplo, conta com uma defasagem salarial de quase 50% de reajuste. A cada mês, os trabalhadores são obrigados a driblar os baixos salários para sustentar a família. E a vida de sacrifícios não se resume ao holerite. O déficit de mais de dez mil funcionários no estado de SP é outro obstáculo a ser superado com muito sacrifício.

Se não bastasse tudo isso, os policiais e demais servidores ainda foram recentemente ameaçados por uma reforma da previdência pronta para retirar os poucos direitos, que ainda lhes restam. Será que o significado de sacrifício no dicionário dos servidores é o mesmo encontrado no de Guedes?

“O nosso trabalho é baseado em sacrifícios. Arriscamos nossas vidas, não podemos ficar em casa para evitar o contágio do coronavírus, temos jornadas excessivas, salários inferiores ao de outros estados e o ministro tem a cara de pau de falar que os servidores precisam se sacrificar? Mais? Já ficou muito claro, nesse momento delicado, que saúde, segurança e pesquisa estão cumprindo perfeitamente com o papel que se propuseram ao ingressarem no serviço público. Nós é que, certamente, merecemos uma contrapartida justa”, afirmou o presidente do Sinpolsan, Marcio Pino.

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